Tal como sala vazia,
Que coisa alguma a habitasse,
O meu coraรงรฃo jazia
Claustrรณfobo, inepto, triste.
Anulado no silรชncio,
E jรก quase habituado
A sustentar, desde o inรญcio,
Apenas seu ar pesado.

Porรฉm, passados os dias,
Como รกrida terra em รกgua,
Bebo de alegrias pias;
Seca-se o poรงo de mรกgoa.
A ausรชncia agora รฉ presenรงa.
Reto รฉ o caminho da ponte
Que os pรฉs, sob luz intensa,
Seguem. E nunca mais contes,
Coraรงรฃo, com os covardes,
Mendaces lados, que fogem
Cruzando os finais das tardes,
Qual loucos, morrendo ร  margem
Da Meia-noite. Silรชncio,
Que eu ouรงo os passos de alguรฉm:
Silentes, calmos e imensos,
Passos que jรก sei de quem.

Procurei mas fui achado:
Mistรฉrio a que nรฃo atinas.
E cรก adentro o ar soprado
Acaricia as cortinas.

*Um poeminha antigo. Vai publicado aqui somente porque foi classificado num concurso literรกrio.